segunda-feira, 17 de maio de 2010

Centenário do Grande Claudionor Cruz ( Texto extraido do Blog de Marcelo Fortuna)
















agosto 29, 2009 - sábado






Claudionor Cruz
















Por volta de 1987, como estudioso do Choro escutava sem parar todos os discos que encontrava. Um destes discos (o 1º do Conjunto Galo Preto) tinha um Choro chamado “O dia do Preto Velho”, de Claudionor Cruz, em que o Mestre empunhava com competência o seu Violão Tenor.

Foi por acaso que conheci pessoalmente Claudionor Cruz. Estava falando sobre o Choro com um amigo quando uma pessoa que ouvia a conversa me perguntou se eu conhecia o “Maestro” Claudionor Cruz. Para encurtar a conversa através desta pessoa consegui o contato dele e imediatamente agendei um encontro em sua casa, em Pilares, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Para esta empreitada contei com o valoroso apoio de um Amigo, o Alexandre Nunes, Músico e estudante de Musicoterapia no Conservatório Brasileiro de Música, e que dividia comigo a primeira formação da Orquestra de Cordas Brasileiras, tocando Bandolim.


Eu e Alexandre íamos à Praça Tiradentes pegar o ônibus que nos levaria à Pilares. Chegando lá, subíamos uma ladeira íngreme que nos levaria à casa do Mestre. Uma placa na porta indicava que havíamos encontrado o destino: “Claudionor Cruz – Residência”.

Tocamos a campainha, entramos, e lá estava o Mestre, rodeado de gente e com a casa cheia de instrumentos musicais.

Eu e o Alexandre tínhamos a ideia de fazer uma biografia do Mestre. Levamos um gravador e registramos não só depoimentos de Claudionor Cruz como interpretações de Choros ainda inéditos.

Para mim era algo inacreditável. Eu, com 22 anos, acompanhando o Mestre Claudionor Cruz ao Violão... Tentei reproduzir estes encontros Musicais no meu CD Guitar Works, na faixa “Compadre Luiz – De volta ao Rio”, em que reproduzo o fraseado do Mestre no Violão de cordas de aço.

Estas duas cassetes infelizmente foram extraviadas, mas consegui transcrever para a Partitura algumas Obras interpretadas pelo Mestre. Algumas destas Partituras estão disponibilizadas no meu Site para Download .

Apresentei uma delas ao Afonso Machado, do Galo Preto, que foi registrada no 3º Disco do Conjunto. Esta Música se chama “Este Choro é meu pranto” e conta com um belíssimo arranjo de Luiz Otávio Braga.

Organizamos uma Palestra no Conservatório Brasileiro de Música. A ideia era mostrar aos estudantes esse documento vivo da Música Brasileira. Claudionor Cruz contou muitas Histórias e interpretou vários Temas de sua autoria. ”.

Nesta Palestra Claudionor Cruz estava acompanhado por Marise, uma Cantora que fazia parte do regional “As Brasileirinhas” criado por ele na década de 70. No final tive o privilégio de tocar junto com o Mestre o Choro “O dia do Preto Velho

Eu e o Alexandre estivemos no seu aniversário. Levávamos nas mãos todo o catálogo de partituras copiadas na biblioteca Nacional.

Por solicitação do próprio Claudionor Cruz entregamos todo este material à uma “pesquisadora” que estava presente na sua Festa de aniversário. Este material nunca mais apareceu...

Ao Mestre Claudionor Cruz o meu muito obrigado. Fica a lembrança daqueles memoráveis Saraus em Pilares, onde, entre Música e Histórias, eu aprendia sobre a vida.





Este texto traduz um pouco do relacionamento que este grande mestre e amigo dedicava aos iniciantes que o procuravam ,lá nas grimpas do bairro dos Pilares ( Subúrbio carioca ). Ensinava gratuitamente e estimulava os encontros aos sábados , e ali a galera se divertia tocando puíssima música brasileira. Tempo bom.